Olá! Decidi partilhar e traduzir um capítulo de um (dos) livro(s) que estou a ler. Relembro que este e outros livros, estão disponíveis na minha Dropbox: https://bit.ly/2sEmK05
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Aqui vai!
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FIBRA: O ANTI-NUTRIENTE (capítulo do livro “The Obesity Code do autor J. Fung)
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“Ao considerar os benefícios nutricionais do que se come, é habitual levar em conta as vitaminas, minerais e outros nutrientes. Pensamos em componentes que constituem a comida que é o nosso alimento. Tal não é o caso da fibra. O ponto-chave para entender o efeito da fibra é entender que não se trata de um nutriente mas sim de um anti-nutriente - e é esse o seu valor em termos de benefícios. A fibra tem a capacidade de reduzir a absorção e a digestão. A fibra hidrosolúvel reduz a absorção dos hidratos de carbono, o que por sua vez reduz o nível do açúcar no sangue e os níveis da insulina.
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Num estudo científico, 21 pacientes de diabetes tipo 2 foram divididos em 2 grupos aos quais foram dadas refeições líquidas, um grupo de controlo e outro com fibra adicionada. O grupo com a fibra adicionada conseguiu reduzir a glicose e os picos de insulina, apesar de ambos os grupos terem consumido exactamente a mesma quantidade de hidratos e calorias. Sendo a insulina o principal percursor da obesidade e diabetes, a sua redução é benéfica. Em suma, a fibra actua como um ‘antídoto’ ao hidrato de carbono, que, nesta analogia, é o veneno. (Os hidratos de carbono, mesmo o açúcar, não são literalmente venenosos mas a comparação é útil para compreender o efeito da fibra.)
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Não será por mera coincidência que virtualmente todas os alimentos vegetais, no seu estado natural e não-refinado, contêm fibra. A Mãe-Natureza juntou o ‘antídoto’ ao ‘veneno’. Portanto, sociedades tradicionais podem seguir dietas ricas em hidratos de carbono sem vestígios de obesidade ou diabetes tipo 2. A diferença fundamental é que nessas sociedades, os hidratos de carbono são consumidos sem serem previamente processados, o que resulta num consumo elevado de fibra.
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As dietas ocidentais são caracterizadas por um aspecto - que não é a quantidade de gordura, sal, hidratos ou proteína. É o consumo elevado de comidas processadas. Consideremos os mercados asiáticos tradicionais, cheios de carnes e vegetais frescos. Muitas pessoas nas culturas asiáticas compram comida fresca diariamente, por isso mesmo, processar a comida para aumentar o seu prazo de validade não é necessário nem bem-vindo.
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No outro oposto, os supermercados da América do Norte, têm corredores atafulhados com caixas de comida processada. Vários desses corredores dedicados a congelados. Os norte-americanos são capazes de comprar comida para semanas ou mesmo meses de uma só vez. O retalho de grande volume vive dessa prática, como a Costco, por exemplo.
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A fibra e a gordura, ingredientes chave, são removidos no processo de refinamento: a fibra para alterar a textura e a comida ‘saber melhor’, as gorduras naturais para extender o prazo de validade, uma vez que tendem a ficar rançosas com o tempo. Por isso, ingerimos o ‘veneno’ sem o ‘antídoto’ - o efeito protector da fibra é removido ou reduzido em muitos dos nossos alimentos.
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Quase todos os hidratos de carbono não processados contém fibra, por outro lado as proteínas e as gorduras, quase ou praticamente nenhuma. O nosso corpo evoluiu para digerir esses alimentos sem necessitar de fibra, sem o ‘veneno’, o ‘antídoto’ é desnecessário. Aqui uma vez mais, a Mãe Natureza provou ser mais sábia.
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Remover a proteína ou as gorduras de uma dieta conduz a um consumo excessivo. existem hormonais naturais de saciedade (peptídeo YY, colecistoquinina) que respondem ao consumo de proteínas e gorduras. Consumir hidratos de carbono ‘puros’ não activa estes sistemas o que conduz a um consumo exagerado (o fenómeno do segundo estômago).
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Os alimentos naturais têm um equilíbrio de nutrientes e fibras, e nós humanos, ao longo dos anos, evoluímos para os consumir. O problema não está num componente específico de um alimento mas sim no seu balanço no geral. Por exemplo, se quisermos fazer um bolo de manteiga, ovos, farinha e açúcar, e depois decidimos remover a farinha e duplicar os ovos, o bolo vai saber horrivelmente mal mas os ovos não fazem necessariamente mal e a farinha não é necessariamente boa. A questão é que o equilíbrio desapareceu. O mesmo se passa com os hidratos de carbono, o ‘pacote’ de hidratos não refinados, com fibra, gordura e proteína não é necessariamente mau. Mas remover tudo exceptuando os hidratos, destrói o equilíbrio delicado e torna o produto prejudicial à saúde.”