Tradução de um excerto de: Lustig, Robert H. “Fat Chance: Beating the Odds Against Sugar, Processed Food, Obesity, and Disease.”
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“Podem as dietas low-fat e low-carb estar ambas certas? Ou ambas erradas? O que é que a dieta de Atkins (proteína e gordura), a Dieta Ornish (vegetais e cereais integrais) e a dieta tradicional japonesa (hidratos e proteína) têm em comum? À superfície parecem ser diametralmente opostas. Mas todas elas têm um denominador comum: a restrição do açúcar. Todas as dietas bem sucedidas na história da nutrição restringem o açúcar. O açúcar é, sem excepções, o mais bem sucedido aditivo alimentar conhecido pelo Homem. Quando a indústria alimentar o adiciona pela “palatabilidade”, compramos mais. E porque é barato, algumas versões de açúcar aparecem em virtualmente todos os produtos alimentares processados que são produzidos no mundo inteiro. O açúcar, especialmente a frutose, é o Lex Luthor desta estória. É rotineiro os nutricionistas categorizarem o açúcar como “calorias vazias”, insubstituíveis pelas calorias do amido. Mas o açúcar tem um custo elevado. O açúcar (sacarose) é feito de metade glicose e metade frutose. É a frutose que o torna doce, e é essa em última análise, a molécula que procuramos. É a frutose que causa a doença crónica metabólica. Portanto o açúcar, apesar de ser conhecidamente um hidrato de carbono, é na realidade uma gordura (porque é assim que a frutose é metabolizada no fígado) e simultaneamente um hidrato de carbono (porque é assim que a glicose é metabolizada). Ambos os percursos metabólicos requerem trabalhar horas extra, o que faz do açúcar o grande dilema do omnívoro. Agora, se estiver com fome e com falta de energia, o consumo de açúcar pode reabastecer as reservas de glicogénio do fígado mais rapidamente, o que pode ser benéfico. Portanto, um maratonista depois de 3 horas a correr pode consumir todo o Gatorade que quiser. Mas a esmagadora maioria das pessoas não está faminta nem energeticamente esgotada (há agora 30% mais indivíduos obesos que desnutridos no planeta). Os nossos corpos não se adaptaram ao nosso actual excesso de açúcar que nos rodeia e que nos está a matar... lentamente. O consumo de frutose aumentou tanto na percentagem do nosso aporte calórico como no seu consumo total. Em cima disto, os americanos consomem actualmente 185 g por dia, ou cerca de 60 kg por ano. O consumo actual de frutose quintuplicou em 100 anos e duplicou nos últimos 30 anos. Num inquérito recente efectuado pelos CDC (Centros de Controlo de Doenças e Prevenção), as estimativas apontam para que mais de 50% dos americanos bebam uma lata de refrigerante açucarado por dia, e 5% bebam 4 ou mais. Por outras palavras, não estamos só a ingerir mais – estamos também a aumentar o consumo de açúcar exponencialmente. A realidade inegável é que 20-25% de todas as calorias que consumimos advém de alguma variante de açúcar. Há adolescentes a ingerir cerca de 40% do seu aporte calórico diário como açúcar. Isto não pode ser bom. Ok, a América está submersa e revista em calda de açúcar. Mas será verdade em outros países? Ou não? O consumo de açúcar no mundo inteiro triplicou nos últimos 50 anos, enquanto a sua população só duplicou. Isso significa que o consumo ‘per capita’ aumento cerca de 50% proporcionalmente a esta pandemia. O limite máximo de 200 calorias de açúcar por dia, defendido pela American Heart Association (a Associação Americana do Coração) nas suas declarações oficiais sobre a saúde cardiovascular, foi excedido em virtualmente todos os países do planeta. Este aumento é massivo e refere-se apenas aos últimos 30 anos, altura em que a maioria dos países se encontrava desprovido de açúcar.”
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Link para download do livro em inglês: https://bit.ly/2Vggkxb